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CARAVANA DO SINDJUD-PE PARTICIPA DO I ENCONTRO DE NEGROS E NEGRAS DA FENAJUD, NA BAHIA

por | jun 11, 2023 | Destaque Home, Formação Política, Notícias

Nos dias 18 e 19 de maio uma caravana do SINDJUD-PE esteve na cidade de Salvador, no estado da Bahia, para o I Encontro de Negros e Negras da Fenajud (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados). Histórica para a construção de um pensar com recorte racial e antirracista no Poder Judiciário Brasileiro, a atividade contou com a participação de representantes sindicais e servidoras/as de todas as regiões do país.

Com o objetivo de aprofundar a discussão sobre as estratégias para o fortalecimento individual e coletivo das pessoas negras a partir do resgate de culturas, tecnologias sociais e espirituais africanas, visando criar ferramentas para superar o atual modelo de justiça racista e classista, a programação do Encontro reuniu nomes e temáticas fundamentais para o fortalecimento das discussões raciais no Poder Judiciário e sociedade em geral.

A apresentação de uma Cia de Dança Afro-brasileira representando os Orixás Xangô e Oyá e a visita ao Terreiro Casa Branca complementaram a programação. Veja mais detalhes aqui!

A caravana do SINDJUD-PE no evento contou com a participação de Ana Carolina Lôbo, Coordenadora das pastas de Gênero, Etnia e Geracional na Fenajud e Comunicação no SINDJUD e idealizadora do evento; Karyna Almeida, Coordenadora de Gênero, Raça e Etnia; Adleiton Torres, Coordenador de Cultura, Esporte e Lazer; Alcides Campelo, Coordenador-Geral; Luiza Barros, Assistente Social do TJPE; e Keilla Reis, Pedagoga do TJPE.

Luiza Barros, mulher negra e Assistente Social do TJPE, descreve a participação no Encontro com um agente transformador e de fortalecimento. “Esse Encontro foi muito impactante para mim. Não apenas pelas questões relacionadas a formação, a construção de saberes, ao caráter reflexivo e propositivo, mas também subjetivamente, no âmbito pessoal. Porque naquele espaço eu consegui me enxergar enquanto protagonista de uma história enquanto partícipe de uma estrutura de poder que me oprime, que tenta me marginalizar, que por vezes me coloca como pele-alvo e que muitas vezes também oprime os meus, as pessoas da mesma cor que eu. E naquele espaço promovido pela Fenajud eu pude ver pessoas como eu, com a mesma cor, com a mesma história ancestral”, evidenciou.

A Pedagoga do TJPE Keilla Reis, que participou mediando uma mesa de debate, salienta o quão valorosa é a inserção de representantes da base nestas atividades. “Foi muito importante participar do I Encontro de Negros e Negras da Federação e entender a importância do Sindicato para fortalecimento e defesa da pauta de equidade racial. E para além desse fortalecimento e dessa defesa, garantir esse espaço e a manutenção desse espaço de representação. (…) Essa proposta de mediar uma mesa no Encontro nacional, sendo uma integrante da base, foi também muito valorosa. Desruptiva, eu diria. Que é formar um novo conceito de ações e de estímulo de participação da base em todos os momentos”, destacou.

Veja imagens da participação do SINDJUD-PE no I Encontro de Negras e Negros da Fenajud na galeria abaixo:

O SINDJUD-PE reconhece a relevância do tema proposto no Encontro e a necessidade do enfrentamento ao racismo e do fortalecimento da população negra no judiciário. Uma atividade prévia com o tema “Racismo e o Poder Judiciário”, com a participação do advogado e professor de direito Cleifson Dias, iniciou o debate interno com a caravana do SINDJUD-PE durante formação com a diretoria, conselho fiscal e as servidoras da base que estiveram na atividade.

Para a coordenadora de Gênero, Etnia e Geracional da Fenajud e coordenadora de Comunicação do SINDJUD-PE Ana Carolina Lôbo, que organizou o evento, “foi uma construção difícil para mim porque não sou uma pessoa negra, mas além de ser a tarefa da pasta que coordeno, entendo que a responsabilidade de por fim ao racismo é de toda a sociedade, e isso inclui obviamente as pessoas brancas, que deram causa a esse cenário. Então busquei ouvir muito pessoas negras e estudar para poder trazer temas que fossem representativos e que despertassem no público o desejo de se organizar dentro do judiciário a partir da pauta racial. O evento foi incrível e superou todas as minhas expectativas, a começar pelas inscrições, que chegaram a 120, enquanto esperávamos cerca de 50 a 60 pessoas. As e os palestrantes foram incríveis, todos/as pessoas extremamente qualificadas e que trouxeram debates de grande relevância”, comentou.

“O público também participou com dedicação e interesse todo o tempo. Um momento muito especial foi o debate sobre racismo religioso que realizamos no Terreiro da Casa Branca, o mais antigo terreiro de candomblé de Salvador e do Brasil. Foi um momento em que as participantes puderam ouvir as lideranças que professam uma religião tão perseguida por conta do racismo e se despir de preconceitos. Ver a emoção no rosto das pessoas ao final, abraçando a mãe de santo e a ikedi do terreiro, deu uma sensação de missão cumprida. Enquanto pedagoga, acredito que todo espaço educa, que todas as pessoas podem ensinar. E ali todo mundo levou alguma coisa pra si que eu espero que se transforme em uma abertura maior pra conhecer as coisas e as pessoas como elas realmente são, sem se prender a estereótipos que aprisionam e matam pessoas. Por fim saímos com um plano de lutas relacionado à pauta racial para cumprir, e o que espero é o engajamento de todos os sindicatos nessa luta junto com a Fenajud”, complementou Ana Carolina Lôbo.

O Coordenador de Cultura, Esporte e Lazer do SINDJUD-PE, Adleiton Torres, que mediou debate com o tema “Racismo, saúde mental e estratégias de enfrentamento e superação”, destaca a desmistificação de questões relacionadas à cultura afro-brasileira. “A visita ao Terreiro da Casa Branca, considerado o mais antigo do país, eu acho que serviu bastante para desmistificar em alguns dos colegas o preconceito sobre as religiões de matrizes africanas e fornecer uma maior compreensão sobre a partilha que acontece no interior desses templos, que não difere de partilhas ocorridas em outras religiões”, apontou.

A Coordenadora de Gênero, Raça e Etnia Karyna Almeida, que também integrou a caravana do SINDJUD-PE no Encontro, fez algumas reflexões sobre o evento e sua importância. Confira aqui!

Encaminhamentos

Entre os diversos encaminhamentos aprovados no Encontro, destacou-se a criação de um Coletivo de lutas específico de Combate ao Racismo e a Desigualdade Racial na Fenajud, com um Calendário Nacional de Lutas; Solicitação junto aos sindicatos para verificar se há diferença no acesso à carreira, progressões, promoções e FGs entre brancos e negros; Exigir do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que obrigue os tribunais estaduais que coloquem em funcionamento as comissões de equidade racial; e Fomentar que os sindicatos de base da Federação incentivem a participação de negras e negros em todos os eventos promovidos pela FENAJUD, e não só os encontros específicos.

Além disso, foi defendido que os estatutos das cotas raciais sejam cumpridos na sua essência, ou seja, que os concursados aprovados na ampla classificação, não sejam colocados na classificação das cotas raciais. E que sejam punidas tentativas de fraude contra o sistema de cotas. O coletivo se reúne para analisar as interpretações que estão sendo dadas em relação ao preenchimento das cotas nos concursos públicos do judiciário.

Veja aqui o documento com a íntegra dos encaminhamentos!

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