No último dia 9 de novembro de 2024, Recife foi palco do Seminário Nacional “Qual Tecnologia Para Qual Judiciário” e do IV Fórum dos Servidores do SINDJUD-PE, no Hotel Jangadeiro, evento promovido pelo SINDJUD-PE – Sindicato dos Servidores do Judiciário do Estado de Pernambuco em parceria com o Fazendo Escola – Centro de Estudos e Pesquisas em Trabalho Público e Sindicalismo e a Fenajud – Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados.
Com discussões abrangendo o impacto do capitalismo e do neoliberalismo nas relações de trabalho e a crescente automatização no judiciário, o evento buscou apresentar um contraponto crítico às consequências do avanço tecnológico e da gestão por metas, que, além de alterar as dinâmicas de trabalho, afetam diretamente a saúde e o bem-estar dos trabalhadores e trabalhadoras.
O Seminário teve início com a mesa de abertura “Qual Tecnologia para qual Judiciário?”, coordenada por Keilla Reis (SINDJUD-PE), e contou com a participação de Alcides Campelo (SINDJUD-PE) e Carolina Costa (SINJUSC), que abordaram as diferentes perspectivas e desafios para a implementação de tecnologias que considerem o trabalhador como centro dos processos.
A primeira mesa temática, intitulada “Capital, Avanço Tecnológico e Impactos à Classe Trabalhadora”, trouxe à tona as discussões sobre a influência do capital nas transformações do ambiente de trabalho, com a professora Fabiane Previtali, da UFU, e mediação de Mariana Figueiroa (SINDJUD-PE e ASJB). Com profundidade e precisão, Previtali destacou o papel da tecnologia não apenas como um fator de eficiência, mas também como um instrumento de controle e sobrecarga, ressaltando a necessidade de mecanismos que protejam o trabalhador do ritmo exaustivo e desumanizante que as metas acabam impondo.
No período da tarde, a segunda mesa, “Gestão por Metas, Adoecimento e Captura da Subjetividade”, trouxe contribuições de Giovanni Alves (UNESP/RET) e Andréia de Conto Garbin (FSP-USP), com mediação de Hugo Andrade (SINDJUD-PE). O painel se aprofundou nas graves consequências psicológicas da gestão por metas, alertando para o adoecimento crescente entre os trabalhadores do judiciário. Alves e Garbin apontaram que a exigência por resultados numéricos e a captura das subjetividades tornam o ambiente de trabalho cada vez mais hostil, destacando a importância de modelos de gestão que priorizem o cuidado e o respeito ao indivíduo. Um ponto contrário do que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e os Tribunais nos estados vêm adotando como prática.
A última mesa do evento, “Judiciário 4.0: Malefícios e Benefícios”, contou com as falas de Viviane Vidigal (UNICAMP) e Gustavo Seferian (UFMG/ANDES-SN) , sob a mediação de Ana Carolina Lôbo (SINDJUD-PE/FENAJUD). Nesse momento da formação foi ilustrada uma realidade mais condizente com o que vem ocorrendo, no que se entende por “Judiciário 4.0”, promovendo uma análise sobre como as ferramentas tecnológicas podem tanto facilitar o trabalho quanto desumanizá-lo, se aplicadas de forma meramente mecanicistas.
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O Seminário foi apresentado por Jordanna Monteiro, Coordenadora de Formação Política e Sindical do SINDJUD, e pelo Coordenador Geral Giuseppe Mascena, que também emocionou os participantes ao declamar poesias sobre as lutas e os desafios da categoria. No evento, também foram realizados sorteios de copos térmicos do SINDJUD-PE e de livros dos(as) palestrantes da programação, reforçando o clima de acolhimento da atividade.
Além das mesas de debates, o evento teve momentos culturais e atividades especiais. A exibição do curta-metragem Despertar, que trata da importância da união e da consciência coletiva para avanços nas conquistas da classe trabalhadora, marcou o encerramento da programação formativa, trazendo uma mensagem inspiradora sobre a força da solidariedade na luta por direitos.
Encerrando o Seminário e o Fórum, à noite ocorreu a Festa da Classe Trabalhadora, que incluiu a edição unificada do tradicional “Bloco Brinque Com Isso Não”. Com o tema “Na Luta por Direitos!”, o evento foi uma celebração de resistência e união, destacando o papel fundamental do sindicato na construção de um futuro mais justo para todas e todos. Além dos servidores do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o evento contou com a presença de representantes sindicais de outras regiões do país, reforçando a dimensão nacional da luta coletiva e a diversidade de experiências compartilhadas.
O espaço de recreação infantil proporcionou atividades de contação de histórias, show de mágica e monitoria especializada, que garantiram um dia agradável também para os filhos e filhas dos participantes.
O encontro, que reuniu formação e celebração, não apenas ampliou a consciência sobre os desafios do trabalho no Judiciário, mas também reforçou a importância da união dos trabalhadores para construir um futuro onde a tecnologia e as metas coexistam com a saúde e a dignidade humana.
SINDJUD-PE
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