Nesta quinta-feira, 25 de julho, celebramos o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha e também o Dia de Tereza de Benguela, símbolo de coragem, liderança e resistência negra no Brasil.
A data não é apenas de celebração, mas de denúncia e mobilização contra o racismo estrutural, o sexismo e todas as formas de desigualdade. É um chamado à afirmação de direitos, à equidade racial e de gênero, e à valorização das vozes que historicamente foram silenciadas.
Tereza de Benguela foi uma líder quilombola que comandou o Quilombo do Quariterê, localizado no atual estado de Mato Grosso. Após a morte do companheiro, Zé Piolho, Tereza assumiu a liderança do quilombo e, com extrema inteligência política, articulou estratégias de defesa, produziu armamentos, estabeleceu um sistema parlamentar e manteve trocas comerciais com povoados vizinhos. Sua luta é um marco de resistência do povo negro contra a escravidão e o apagamento histórico.
É também nesse espírito que lembramos e reverenciamos mulheres como:
Lélia Gonzalez, intelectual que nos ensinou a pensar a América Latina a partir das vivências negras;
Laudelina de Campos Melo, pioneira na organização das trabalhadoras domésticas;
Almerinda Farias Gama, referência na luta por igualdade racial e de gênero na política brasileira.
ENCONTRO FLOR DE MANDACARU
Em alusão à data, no último dia 13 de julho, o Coletivo de Mulheres Flor de Mandacaru realizou um encontro especial na sede do SINDJUD-PE. A atividade também celebrou o mês do Orgulho LGBTQIA+, fortalecendo as lutas interseccionais.
Organizada por Keilla Reis, coordenadora de Gênero, Raça e Etnia do sindicato, a atividade teve início com um momento de acolhimento das mulheres e suas crianças. Também estiveram presentes mães de servidoras, num gesto simbólico de reverência à ancestralidade.
As servidoras Wilza Saraiva e Alice Guaraná emocionaram com um momento musical, interpretando canções de mulheres negras e LGBTs que marcaram a história da música brasileira.
A servidora Márcia Passos, da SETIC, conduziu uma fala sobre a psiquiatra e psicanalista Neusa Santos Souza, trazendo um vídeo sobre sua trajetória e destacando a importância e o pioneirismo da autora, muitas vezes invisibilizada por conta do racismo acadêmico. Neusa é autora da obra essencial Tornar-se Negro, leitura fundamental sobre os impactos psíquicos do racismo.
Durante o evento, houve o sorteio de dois exemplares do livro “O Pacto da Branquitude”, de Cida Bento. As ganhadoras foram Dayane Coutinho, de Limoeiro, e Maria do Carmo Guedes, servidora lotada no Centro de Atenção Psicossocial (CAP) do Recife.
Veja também o vídeo do evento divulgado em nossas redes:
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Um momento especial foi dedicado à homenagem às ancestrais, incluindo:
As mães presentes no evento;
Mulheres negras que marcaram a história e foram lembradas ao longo do mês;
E Cristina Isabel, primeira e única presidenta do SINDJUD-PE, que liderou a última greve da categoria até hoje.
As participantes desfrutaram de um café da manhã e almoço preparado por um restaurante especializado em culinária de matriz africana, valorizando os sabores e saberes ancestrais.
Como gesto simbólico e afetivo, as mulheres autodeclaradas negras e suas mães receberam um pingente com a imagem do Sankofa.
O SIGNIFICADO DE SANKOFA
Sankofa é um ideograma africano de origem Akan, geralmente representado por um pássaro com a cabeça voltada para trás, carregando um ovo no bico, ou por uma figura que lembra a forma de um coração. Em ganês, san significa “voltar”, ko é “ir”, e fa quer dizer “buscar e trazer”.
O símbolo carrega a profunda sabedoria de que nunca é tarde para voltar atrás e recuperar o que foi perdido, especialmente no que diz respeito à ancestralidade, à memória e ao conhecimento negado.
No Judiciário, na sociedade e na luta sindical, mulheres negras precisam estar no centro das decisões. Com voz, com vez, com poder. É o legado das que vieram antes que nos inspira a seguir: organizando, resistindo, transformando. Porque não existe justiça social sem justiça racial e de gênero.
O SINDJUD-PE reafirma esse compromisso. De promover a equidade. De enfrentar o racismo, o sexismo e toda forma de desigualdade. De valorizar as servidoras negras, suas histórias, suas lutas e suas potências.
Por meio do fortalecimento do Coletivo Flor de Mandacaru, da Coordenação de Gênero, Raça e Etnia, e da criação de espaços de escuta, acolhimento e formação, seguimos firmes.
Firmes na construção de uma luta coletiva que reconhece as diferenças, enfrenta as injustiças e honra as que abriram caminho. Porque lutar por direitos é também lembrar quem somos, de onde viemos, e por que seguimos.
SINDJUD-PE
Gestão Unir e Conquistar!