Por Karyna Almeida, Coordenadora de Administração do SINDJUD-PE
Que eu não seja mais interrompida quando tentar expor minhas ideias. Que eu não cause a dor em outras mulheres nem as faça se sentirem menos do que são.
Que eu possa ajudar qualquer mulher que precise melhorar sua vida e que eu deixe que elas me ajudem também nas minhas dificuldades.
Que eu não deixe nenhum homem falar das minhas dificuldades como se soubessem quais são ou falar em meu nome em qualquer lugar em que eu esteja ou em que haja uma mulher que possa falar do que sentimos.
Que eu tenha forças para dizer meus “nãos” e, depois de dizê-los, que nenhum homem levante a mão para me calar com violência. Que eu possa andar com tranquilidade nas ruas a qualquer hora.
Que eu não precise mais afirmar que o óbvio é o óbvio – que somos tratadas de forma desigual e, por isso, nossa pauta é imprescindível. Não é “só” sobre luta de classes, como falava o barbudão, mas sobre gênero e sobre raça.
Que eu não seja olhada com cansaço, desdém ou raiva quando falar da minha dor, do quanto sou descredibilizada, da indiferença com a qual sou tratada ao afirmar que, sim, somos ignoradas, preteridas, tratadas de forma condescendente.
Que eu não veja um homem ser aplaudido por algo que apenas reproduz o que acabei de dizer exatamente do mesmo jeito.
Que eu possa me perdoar por não dar conta de tudo, inclusive dos sentimentos alheios, porque sou mulher e dizem que o “natural” era que eu soubesse cuidar de todo mundo. Menos de mim.
Que eu saiba que meu tamanho não é menor por errar porque nós, mulheres, podemos e devemos ser imperfeitas, incompletas e capazes de tratar isso com naturalidade, assim como os homens fazem tão bem.
Que eu prossiga com um pouco de paz e, se possível, capacidade de abstrair essas injustiças que perpassam o cotidiano de cada uma de nós porque… Ai! Se não conseguirmos rir um pouco…
Que minha filha possa ter força e ter a mim para servir de porto seguro na estrada. Que a filha da minha filha (se ela quiser alguma) não precise mais ouvir falar do patriarcado (são desejos e sonhos! Não me limitem!) a não ser em velhos programas falando de um passado tenebroso.
SINDJUD-PE
Gestão Unir e Conquistar!