Chegamos em mais um Dia das Mães, neste ano, celebrado no dia 14 de maio, e fica cada vez mais evidente o quanto ainda há muito a ser debatido sobre a relação entre maternidade, infância, garantia de direitos e qualidade de vida.
Se olharmos para a perspectiva do trabalho, por exemplo, não pode faltar um questionamento: como são tratadas as servidoras mães do Tribunal de Justiça de Pernambuco? E as mães de outras tantas instituições públicas e privadas? Há acolhimento, compreensão e respeito pela sua jornada de trabalho e de cuidado também como mãe? Afinal, cuidado materno também é trabalho. Não remunerado e por vezes questionado, mais um trabalho que sustenta a sociedade.
O SINDJUD-PE reuniu depoimentos de mães servidoras do TJPE para provocar reflexão em torno do mundo que queremos e precisamos para as mães e crianças. Nesta primeira publicação, o relato é da servidora a quem iremos chamar de Iracema (nome fictício), que compartilhou um pouco da sua vivência e angústia.
“Quando o assunto é mãe com filho doente, parece que escutam que ‘mãe trabalhadora quer ficar em casa descansando’. Certo dia meu filho passou mal na escola e eu precisava entregar uma tarefa no trabalho. Contei da emergência e escutei: ‘pode ir, quando você chegar em casa, ‘se puder’, tenta concluir a atividade e enviar. O ‘se puder’ tem a força de ‘faça que eu estou de olho em você e a produtividade da unidade é muito importante’. E o meu filho? Atitudes assim são naturalizadas por aqui na unidade e não deveriam ser. Não pode ser!”, relatou Iracema.
Um relato como este vai na contramão do discurso de valorização das crianças e das mulheres mães. Se na prática o que acontece é justamente o contrário, com mães servidoras e seus filhos e filhas não sendo acolhidas, ainda há muita estrada para ser caminhada. Respeito e dignidade a gente faz valer na prática, com uma política de acolhimento que seja percebida no dia a dia.
Reforçando a compreensão do cuidado materno como trabalho, o Projeto de Lei 2757/2021, de autoria da deputada federal Talíria Petrone inspirou-se na legislação argentina e visa conceder aposentadoria para mulheres com mais de 60 anos que têm filhos, mas que não possuem anos suficientes de contribuição para se aposentar. O trabalho doméstico não é reconhecido como trabalho, mas é essencial para a reprodução social e acaba gerando uma sobrecarga para as mães. É preciso mudar essa realidade e garantir direitos para as mulheres.
O SINDJUD-PE entende a necessidade de uma transformação social que inclua mulheres mães e suas crianças como prioridade do debate para que assim seja visto, de fato, o acolhimento que lhes é negado frequentemente. É preciso ação e mudanças urgentes!
Acompanhe ao longo do mês de maio outros relatos de mães servidoras do Tribunal de Justiça de Pernambuco contando sobre as suas experiências a partir deste tema. Refletir sobre a falta de acolhimento é um passo importante para a promoção de um ambiente de trabalho saudável e seguro para todas.
SINDJUD-PE
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