O texto “A história oculta da fofoca: mulheres, caça às bruxas e resistência ao patriarcado” (leia aqui), da autora Silvia Federici, embasou a leitura e os debates do 1° encontro presencial do Coletivo de Mulheres Flor de Mandacaru realizado na sede do SINDJUD-PE no dia 14 de janeiro de 2024. A importância da presença das mulheres no sindicalismo foi pautada a partir das reflexões das participantes e leitoras durante a atividade. Após a reforma da nova sede localizada na Rua Cambará, 52, no bairro da Boa Vista, a entidade representativa possui estrutura adequada para que momentos como esse sejam cada vez mais frequentes.
Karyna Almeida, que coordenou a pasta de Gênero, Raça e Etnia durante a Gestão Lutar e Vencer e que assumiu a Coordenação de Administração da Gestão Unir e Conquistar, comenta sobre esse ciclo, os sonhos e as realizações diante do trabalho realizado.
“É o fim do meu trabalho à frente da coordenação de Gênero de uma maneira, para mim, com a cereja do bolo, sabe? O fim de uma tarefa feita com muito prazer, com muita dedicação e que não poderia ter um evento mais perfeito do que esse para simbolizar o fim desse ciclo. Tem alguns pontos a serem destacados nessa primeira reunião do Flor de Mandacaru. A primeira delas é a questão da concretização de um sonho, de um planejamento, que foi feito em cima de um sonho nosso que é o fortalecimento das mulheres do Poder Judiciário com essa gestão no Sindicato. Então a gente planejou, a gente sonhou o Encontro de Mulheres, a gente sonhou e planejou o Coletivo e também estava sonhando e planejando nossos encontros presenciais e isso agora realmente aconteceu, virou realidade. Então isso é muito bacana, a gente vê um sonho se tornando realidade”, enfatizou.
“Por outro lado, é o início de uma nova fase da Coordenação de Gênero, Raça e Etnia. Com o Flor de Mandacaru se reunindo presencialmente, com a possibilidade de ampliação do número de mulheres, com a possibilidade do uso da nossa sede para receber essas mulheres, que foi outra coisa que a gente sonhou e planejou. Tem um espaço de reunião, de debate, de fortalecimento de mulheres, para que a gente avance cada vez mais nos espaços públicos de uma forma perene”, concluiu Karyna Almeida.
Atual coordenadora da pasta e que assume os desafios a partir da Gestão Unir e Conquistar, Keilla Reis aponta que “o encontro veio reafirmar o espaço de mobilização entre mulheres trabalhadoras do judiciário estadual. É em momentos como este que interagimos, trocamos ideias, fortalecemos umas as outras e desenvolvemos propostas de luta que nos representem. Utilizar a nossa sede como local para nosso primeiro momento presencial demarca um excelente início para a Coordenação de GRE, pois ele é a representação palpável da luta coletiva. É um lugar seguro que tem de ser valorizado e ocupado por nós sindicalizadas/os”, afirmou.
Veja imagens da atividade na galeria abaixo:
A reunião do Coletivo de Mulheres contou com um lanche compartilhado diverso e que foi preparado coletivamente, a distribuição de brindes temáticos com a marca do Coletivo Flor de Mandacaru, como adesivos e camisas, além da estrutura de espaço infantil para as filhas e filhos das integrantes. Uma atmosfera segura e receptiva também aos pequenos e pequenas que lhes acompanham.
A Coordenadora de Assuntos Jurídicos, Mariana Figueiroa, ressalta o papel do texto lido e debatido no encontro e rememora aspectos que não podem se perder pelo caminhos, como a memória das histórias e nomes que vieram de antes e que contribuíram para o movimento de transformação que percebemos na atualidade. “Nessa oportunidade, a gente pôde discutir e refletir sobre um texto da Silvia Federici e, para mim, uma das coisas que mais tocou, foi a questão da memória, de a gente preservar a memória, de honrar as nossas ancestrais, aquelas que vieram antes da gente e que traçaram os caminhos, que abriram esses caminhos para nós mulheres chegarmos até aqui hoje. Também foi um texto relevante, porque fez a gente lembrar de como era a vida antigamente, das conversas nas calçadas, do sentido de comunidade. E é esse senso de comunidade que deve perpassar a ideia de um coletivo de mulheres”, analisou.
Ana Carolina Lôbo, Coordenadora de Imprensa e Comunicação do SINDJUD-PE e de Gênero, Etnia e Geracional da FENAJUD, descreve que esse “foi um encontro muito esperado, muito aguardado, que por diversos fatores não pôde ocorrer antes, então a gente fica muito feliz de poder receber as mulheres do nosso Coletivo na nossa sede, depois da reforma, de toda adequação do espaço para receber todo mundo ainda melhor e a gente ficou muito feliz por ter esse espaço para fazer atividade com as nossas mulheres porque a ideia é essa, que o Sindicato seja um espaço de participação, um espaço de acolhimento e um espaço onde a gente possa fazer debates, formações, e foi esse o sentido da nossa atividade”, comentou.
“Debatemos um texto, fizemos diversos comentários, apresentamos a sede para as mulheres e nos fortalecemos. O objetivo do Coletivo é exatamente o fortalecimento das mulheres para a participação no espaço sindical, seja como base, seja como dirigentes. Fizemos, inclusive, uma chamada para a Assembleia. A coordenadora Keilla fez essa fala de convocar as mulheres a participarem da Assembleia, a estarem presentes, destacando a importância da luta coletiva. Enquanto coordenadora de Gênero na FENAJUD, eu fico muito satisfeita porque esse coletivo é um fruto desse trabalho da coordenação da Federação junto com a coordenação do SINDJUD-PE para o fortalecimento das mulheres. É mais um Coletivo que nasce, é mais um Coletivo que se reúne presencialmente, que começa a se estabelecer para fomentar e fortalecer a participação das mulheres no espaço dos sindicatos”, contou Ana Carolina Lôbo.
Apesar de o Coletivo de Mulheres realizar encontros virtuais periódicos com o mesmo objetivo, além de promover anualmente o Encontro de Mulheres do SINDJUD-PE e expandir a atuação com a participação em atividades dentro e fora do estado de Pernambuco, essa foi a primeira vez em que uma atividade ocorreu nas dependências da nova sede. Um momento importante e que fica marcado na história da entidade.
Márcia Corrêa, funcionária do SINDJUD-PE, evidencia a potência e a força da iniciativa para a união e fortalecimento das mulheres. “É muito comum um grupo de mulheres ser tratado de forma pejorativa quando se reúne. Sempre dizem que vamos falar futilidades, mal de alguém ou fofocar. Fazer parte do Coletivo Feminista Flor de Mandacaru faz com que tenhamos a consciência de que mulheres não são fúteis, não falam besteiras. Juntas valorizamos os pensamentos individuais e coletivos, partilhamos dores, alegrias, experiências entre outras coisas, nós nos curamos de coisas que nem percebemos que nos afetam, pois, nossa dor é sempre diminuída, menosprezada. Discutir políticas públicas para mulheres nos fortalece e nos ajuda a olhar para fora e saber que nem todas têm o mesmo acesso e privilégio que temos. Tanto em encontros virtuais como presenciais, falar abertamente nos fortalece e encoraja para continuar na luta por uma sociedade mais digna e respeitosa”, disse.
Para a servidora Jaqueline Fraid, assistente social lotada na comarca de Limoeiro, “participar do primeiro encontro presencial do Coletivo de Mulheres Flor do Mandacaru foi uma experiência incrível e enriquecedora. Poder compartilhar vivências, trocar ideias e fortalecer os laços com outras mulheres engajadas no movimento sindical foi extremamente motivador. A criação de espaços como esse é fundamental para proporcionar um ambiente em que podemos nos expressar, debater questões específicas do movimento feminista e construir estratégias para superar desafios comuns. Poder participar desse evento em um espaço acolhedor e com estrutura adequada para nos receber foi um diferencial, a nova sede do Sindicato está linda e equipada para esse tipo de evento e atividades que fortalecem a coesão do grupo, espero ter sido o primeiro de muitos encontros do Coletivo”, desejou.
Para fazer parte do Coletivo de Mulheres Flor de Mandacaru, basta sinalizar o interesse através da Coordenadora da pasta de Gênero, Raça e Etnia, Keilla Reis, no seguinte e-mail: [email protected]; ou procurar uma das coordenadoras do Sindicato nas atividades de mobilização para saber mais informações.
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