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FLOR DE MANDACARU: COLETIVO DEBATE DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO E OS IMPACTOS DA DIRETORIZAÇÃO NO COTIDIANO DAS SERVIDORAS

por | jun 16, 2024 | Destaque Home, Formação Política, Notícias

Em mais uma atividade de formação, integração, diálogo e união de forças das mulheres trabalhadoras, o Coletivo de Mulheres Flor de Mandacaru reuniu servidoras filiadas na sede do SINDJUD-PE na manhã do dia 2 de junho, domingo, para debater a divisão sexual do trabalho. A discussão foi conduzida e analisada com base no vídeo de chamada para um curso virtual ministrado pela cientista política Flávia Biroli, disponível no YouTube em uma série especial produzida pela Editora Boitempo.

Durante o encontro, as participantes puderam compreender e refletir sobre o impacto da divisão sexual do trabalho na vida das mulheres e como essa divisão interfere na rotina dessas profissionais de formas diversas, já que o ambiente de trabalho tende a reproduzir estruturas ainda estigmatizantes e sustentadas pelo patriarcado, comportamento que ainda é percebido nas relações de trabalho e nas atribuições destinadas aos homens e às mulheres.

Ana Carolina Lôbo, Coordenadora de Imprensa e Comunicação do SINDJUD-PE, afirma que “a classe trabalhadora não é homogênea, ela é composta de homens e mulheres que são afetados/as pelo modo de produção vigente de formas diferentes, de acordo com seu sexo, sua classe social e raça. Nas atuais condições do TJPE, em que uma reestruturação produtiva está acontecendo diante de nossos olhos de forma açodada e desorganizada, quem tem dupla ou tripla jornada vê sua vida ser afetada de forma ainda mais intensa. E quem tem jornada dupla e tripla são as mulheres. A gente precisa falar sobre isso, porque ignorar a realidade não nos ajuda em nada a transformá-la”.

Na ocasião, as servidoras relacionaram o tema do encontro com suas experiências enquanto servidoras do Tribunal de Justiça de Pernambuco, apontando relatos, queixas e insatisfações diante do processo de implementação da central judiciária de processamento remoto na instituição. Com a diretorização, algumas questões foram levadas ao centro do debate, como a mudança de horário, falta de flexibilidade e a dificuldade em administrar as rotinas com duplo vínculo, nos casos que se aplicam.

A servidora Mariana Brandão comentou sobre a experiência. “O último encontro presencial do Coletivo de Mulheres Flor de Mandacaru foi como repor todas as minhas energias como mulher, servidora pública e mãe. Sem o apoio de outras mulheres, eu me enfraqueço. Mesmo num domingo, foi a energia que eu precisava para iniciar toda a rotina semanal. Mulheres precisam ajudar outras mulheres. Somente nós conhecemos as nossas necessidades. Espero ansiosa pelo próximo porque abraçar, conversar e trocar experiências de vida me enriquece e fortalece”.

Janayna Santos, também servidora, fala sobre a importância da troca de experiências. “O encontro sobre a divisão sexual do trabalho foi incrível para compartilhar as dificuldades e situações vivenciadas pelas servidoras do judiciário em sua rotina. Escutar as companheiras e buscar soluções para uma melhor participação política das mulheres na sociedade”, disse.

A servidora Márcia Passos destaca a atividade como um momento de reflexão sobre a atuação das mulheres na sociedade e suas múltiplas jornadas. “Nosso encontro foi especialmente para confirmar nossas condições enquanto mulher. A gente lembrar que, por sermos mulheres, temos jornadas duplas, triplas, né? E isso falando da mulher que é mãe, da mulher que é do cuidado, da mulher que toma conta da casa. E eu acredito que, naquele momento, aquele encontro se confirmou que é necessário que o ambiente de trabalho reconheça pelo menos essas jornadas, além daquela jornada que a gente dá no ambiente de trabalho, que principalmente se reconheça, que nós somos muito mais cobradas e também muito mais exigidas. Cobradas por ser mulheres e exigidas por justamente termos essas jornadas que não são reconhecidas. Foi bom ver também a diversidade: encontro de mulheres com deficiência, de mulheres que são mães solos, de mulheres que vivem.”

Um café da manhã foi preparado para recepcionar o grupo de servidoras na sede da entidade, além da distribuição de brindes e o sorteio de dois livros, possibilitando que a formação seja continuada e que os estudos ultrapassem os momentos de encontro do Coletivo, ampliando as possibilidades de adquirir novos conhecimentos e acessar temas e discussões que contribuem para as lutas das mulheres trabalhadoras na sociedade atual.

Karyna Almeida, Coordenadora de Administração do SINDJUD-PE, refletiu a partir de dados que escancaram a realidade apontada pela divisão sexual do trabalho, inclusive com o recorte do judiciário. “É imprescindível discutirmos a divisão sexual do trabalho em 2024. Fazendo só um recorte para o Poder Judiciário, segundo dados de 2020, a gente tinha apenas 20% de mulheres ocupando cargos de desembargadoras nos tribunais em geral e só 16% nos Tribunais Superior. No TJPE, a gente tinha mais servidoras na base (55,82%) em 2021 e 34,12% de magistradas, enquanto que, atualmente, só duas mulheres são desembargadoras. E aí a gente se pergunta: o que essas mulheres têm de abrir mão para ascender em suas carreiras? Quem cuida de seus filhos quando saem de casa? Quem faz o almoço e ensina a lição para as crianças? Quem vai às reuniões na escola ou abre mão da carreira para acompanhar seus cônjuges na maior parte dos casos? Precisamos, sim, debater diversos assuntos ligados aos direitos das mulheres a estar nos espaços públicos e não terem de lavar os pratos sujos quando chegarem em casa exaustas no fim do expediente”.

O espaço kids, para que as filiadas tenham a liberdade de levar seus filhos e filhas, também foi viabilizado na atividade, que busca o acolhimento para todas de forma segura em um espaço receptivo, confortável e que deve ser ocupado também nestas iniciativas.

Leyllane Coutinho, Coordenadora de Acessibilidade e Inclusão do SINDJUD-PE, enfatizou a importância do acolhimento e riqueza do debate, que contribui para a prática do trabalho e vivência no espaço de trabalho. “Parece que sair no domingo pela manhã de sua casa para discutir questões femininas não é tão importante, não é? Mas não! Ter saído da minha residência com a minha filha para tratar de assuntos que permeiam a nossa história, a história das mulheres, é sempre uma experiência incrível. Lá tivemos um agradável debate e construção de ideais além do compartilhamento de experiências e conhecimento. No meu trabalho, cada parte debatida reflete com força em nossas construções sociais e histórico culturais vivenciadas no cotidiano. Agradeço imensamente a oportunidade e acolhida na sede do SINDJUD. Grata pela possibilidade de crescer um pouco mais”.

Por fim, a coordenadora de Gênero, Raça e Etnia do SINDJUD-PE, Keilla Reis, destaca que “os encontros do coletivo são espaços fundamentais de integração em volta de pautas que nos atravessam, como os impactos emocionais e todo tipo de ordem, na organização familiar com os ajustes feitos pela implantação das diretorias e dos horários pelo TJPE. Estamos juntas, socializando, criando vínculos de amizade para lutar pela promoção de um ambiente mais justo, inclusivo e igualitário para as servidoras.”

Faça parte do Coletivo Flor de Mandacaru

Para fazer parte do Coletivo de Mulheres Flor de Mandacaru, sinalize o interesse através da Coordenadora da pasta de Gênero, Raça e Etnia, Keilla Reis, no e-mail: [email protected]; ou procure uma das coordenadoras do Sindicato nas atividades de mobilização para saber mais informações. Juntas, organizadas e cada vez mais mobilizadas, nós podemos transformar o mundo!

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