Nos últimos dias circulou em grupos das ferramentas de comunicação Whatsapp e Telegram um trecho do discurso do Desembargador José Fernandes de Lemos, ex-presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) no biênio 2010/2011, em que ele louva o golpe civil-militar de 1964.
No referido evento, o qual marcava sua despedida, devido a sua aposentadoria, ele defende:
“Eu continuo um entusiasta das Forças Armadas, paixão que acredito advir da minha obstinação pela ordem, pelo progresso e pela disciplina. Sempre fiz esse registro nos meus discursos. A liberdade de hoje e o Estado Democrático de Direito que vivemos deve, e muito, na minha concepção, àquele episódio memorável de 1964.”
O Estado de exceção que se iniciou no ano de 1964 foi um período de intensa e sistemática repressão e violação dos direitos humanos, com perseguição política, tortura, assassinatos, censura e demais mecanismos coercitivos que vedavam a organização política e as liberdades democráticas.
Aqui em Pernambuco tivemos as duas primeiras vítimas mortais desse regime asqueroso. No dia 1 de abril de 1964 os estudantes Jonas José de Albuquerque Barros, de 17 anos, e Ivan Rocha Aguiar, de 23 anos, foram alvejados na Av. Dantas Barreto no Recife. Essas foram apenas as primeiras de muitas outras mortes durante todo o período que perdurou a ditadura civil-militar.
Há poucas semanas, mais exatamente no dia 29 de maio, Recife presenciou outra brutal repressão a um movimento que pedia emprego, vacina e auxílio-emergencial, bem como a saída do atual Presidente da República, Jair Bolsonaro, e a política ultraliberal do seu governo, capitaneada pelo banqueiro e Ministro Paulo Guedes. Ações de saudosos da ditadura? A ofensiva militar atingiu duas pessoas no olho que perderam parcialmente a visão, as vítimas Daniel Campelo da Silva e Jonas Correia de França sequer participavam da manifestação.
É isso que o Senhor Desembargador José Fernandes defende? Mortos e feridos em nome da “ordem, progresso e disciplina”? A disciplina das pessoas intimidadas ou silenciadas? A ordem da desigualdade social brutal desse país? O progresso apenas para os 1% da sociedade?
O referido Desembargador do TJPE é conhecido como o “pior presidente do TJPE” entre os servidores. Em sua gestão tentou aumentar 1h na jornada diária de trabalho, que felizmente a categoria com muita luta conseguiu barrar. Porém, a greve histórica de 2011 ressoa até hoje como o período de maior perseguição política aos que aderiram ao movimento paredista. Perseguição típica de que louva a ditadura.
O SINDJUD-PE irá organizar Ato de Repúdio contra o discurso do Des. José Fernandes de Lemos.
A todos que tombaram vítimas da Ditadura Civil-Militar e a todos que lutaram bravamente contra esse regime nossas saudações.
Aos que edificaram o sistema repressor todo nosso repúdio. Não passarão novamente!
O autoritarismo é o escudo dos covardes!
A ditadura é arma dos intolerantes!
Viva a democracia! Ditadura nunca mais!
SINDJUD-PE
Gestão Lutar e Vencer!